sábado, setembro 11

Fenrir - IV

Keith perdeu a cabeça, correu para o interior da casa e voltou com duas trelas à volta da mão direita. Abriu a porta do quintal com toda a força e saiu de rompante. Agarrou na mangueira, rodou para ter pressão máxima e abriu a torneira. A água saiu disparada, Keith apontou para o filho e para os dois cães que rapidamente dispersaram. No meio da confusão arrancou a correr, com uma das trelas prendeu Misha à casota. Com a outra prendeu Freki, que tentava fugir à volta da árvore. Killian estava de joelhos, não aparentava nenhum comportamento agressivo nem qualquer vontade de reagir. "Keith o que é que tu vais fazer?!", disse Faye entrando no quintal. Keith olhou para ela, em seguida foi em linha recta passo ante passo até Killian. Implacável, levantou a mão direita e com as costas da mesma deu uma bofetada ao filho. Fora a primeira vez, o quebrar de uma das regras que o casal tinha estabelecido. Killian caiu para trás, os cães ladravam e puxavam as trelas mas sem qualquer sucesso de se soltarem. "Keith!", gritou Faye correndo para o filho, "Ele não tem culpa, pára!"

Keith não ouviu, tremia compulsivamente num acesso de raiva que não acabava. "Já vais ver", disse estendendo a mão para o filho. Killian reagiu de imediato, saltou para a frente e cravou os dentes na mão do pai. Keith não reagiu à dor, com a outra mão agarrou nos cabelos do filho que imediatamente o largou. "Keith, larga-o! Só estás a piorar as coisas, pára". Não havia nada que Faye pudesse fazer, Keith tinha uma expressão que não conhecia, não sabia o que esperar, não sabia o que fazer. Estava petrificada com aquela situação. De baixo da lua, os olhos de Keith brilhavam, o resto da cara era apenas escuridão. Como se nada fosse arrastou o filho para dentro de casa puxando-o pelos cabelos, Killian esperneava e fazia todo o tipo de grunhidos enquanto se tentava soltar. Faye não queria acreditar, sem forças caiu de joelhos no quintal, começou a chover.

Keith arrastou o filho pela casa, levou-o escadas a cima, sempre pelos cabelos. Killian cravava as unhas no chão. ainda ensanguentado na boca e no pescoço parecia um animal. Chegaram finalmente ao sótão, Keith abriu a porta com um pontapé e sem sequer olhar para o filho atirou-o lá para dentro. Não acendeu a luz, não disse uma palavra, sem mais atirou o filho para a escuridão. Fechou a porta, deu duas voltas à chave e foi sentar-se no alpendre à porta de casa. Chovia agressivamente lá fora, os cães ladravam, Faye ainda estava no quintal e Killian investia contra a porta uma e outra vez.

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