Ao acidente seguiu-se todo o aparato que podemos imaginar, Faye foi levada para o hospital por uma ambulância. O condutor do camião foi assistido no local visto que não tinha nenhum ferimento grave. Seguiu-se uma grande confusão visto que o camião destruiu quatro veículos e só parou após embater numa árvore. Killian acompanhou o pai até ao hospital mas teve que ser praticamente arrancado do sítio onde estava. Tremia, tinha os dedos cravados no chão e não queria cooperar. Foi arrastado para o carro pelo pai mas durante a viagem recuperou o seu estado normal. Faye sangrava profusamente da cabeça, aparentemente o seu estado era muito grave mas Keith ouviu os paramédicos a dizer que não era tão grave como parecia. Ficou mais descansado, seguiu a ambulância de perto mas quando chegou ao hospital teve que aguardar algumas horas antes de poder saber o estado da mulher.
Os médicos disseram a Keith que o estado de Faye não era grave e que de momento estava estabilizada. Falaram da situação como sendo um verdadeiro milagre, Faye estava abalada mas tirando o golpe profundo na testa e os hematomas no ombro esquerdo e peito tudo estava bem. Killian acompanhara o pai mas parecia estar alheio à situação. Os seus olhos olhavam em todas as direcções num frenesim, parecia procurar algo mas o seu olhar era vazio. “A sua esposa encontra-se agora em repouso, está medicada e provavelmente não vai ter muita reacção mas acho que podem ir visitá-la.” Disse o médico. “Anda Ki, vamos ver a mamã” disse Keith. Killian levantou-se e começou a caminhar pelo corredor, de uma forma inexplicável o rapaz parecia estar seguro sobre a localização da mãe. Keith ficou espantado porque o seu filho reagira à sua voz. Keith seguiu o médico até à sua esposa, em frente à porta estava Killian que andava em círculos. Keith ficou estupefacto, como é que Killian sabia que a sua mãe estava ali? Quando entraram no quarto Killian entrou à frente do seu pai, dirigiu-se a Faye e encostou a sua cabeça à da mãe e começou a emitir um som que parecia um choro mas não um choro humano. “Pronto filho, a mamã está bem” disse Faye chorando e acariciando a cabeça do filho.
A mãe de Killian estava visivelmente combalida, tinha uma ligadura à volta da cabeça. Eram visíveis algumas manchas de sangue. Falava muito devagar e deixava escapar uma ou outra expressão de dor. Tinha o lábio inferior inchado com algum sangue pisado e o olho do lado esquerdo tinha um derrame bastante evidente. Killian afastou-se e foi para junto da janela do quarto, Keith correu em direcção a Faye e beijou-a na testa, “Não sei o que seria a minha vida sem ti Faye…não me deixes…não nos deixes nunca” disse deixando escapar uma lágrima. “Não chora” ouviu-se no quarto. Faye e Keith olharam um para o outro muito sérios e depois olharam em volta para saber de onde tinha vindo. Era uma voz desconhecida, uma voz de criança mas parecia muito gasta e rouca. Olharam para Killian que continuava a olhar pela janela com a testa encostada ao vidro. “Ki, foste tu que falaste?” perguntou Keith. “Ki fala outra vez para mamã, fala meu amor”-“Calma Faye” disse Keith igualmente exaltado segurando na mão da mulher. Killian virou-se e dirigiu-se para a porta, ficou a olhar fixamente para o puxador que espelhava o interior do quarto numa espécie de globo retorcido. O casal Lowland não sabia como reagir a tudo aquilo, estavam felizes mas queriam mais, o seu filho tinha acabado de comunicar com eles pela primeira vez. Os anos passaram e Killian nunca mais falou, no entanto o seu comportamento era agora mais humano. Killian reagia às vozes do pai e da mãe como se estes o conseguissem controlar, ainda não era uma verdadeira relação de pais e filho mas era um começo. Continuava no entanto com problemas no que tocava a usar certos objectos, interpretar certas situações e sobretudo controlar os seus impulsos.
Os médicos disseram a Keith que o estado de Faye não era grave e que de momento estava estabilizada. Falaram da situação como sendo um verdadeiro milagre, Faye estava abalada mas tirando o golpe profundo na testa e os hematomas no ombro esquerdo e peito tudo estava bem. Killian acompanhara o pai mas parecia estar alheio à situação. Os seus olhos olhavam em todas as direcções num frenesim, parecia procurar algo mas o seu olhar era vazio. “A sua esposa encontra-se agora em repouso, está medicada e provavelmente não vai ter muita reacção mas acho que podem ir visitá-la.” Disse o médico. “Anda Ki, vamos ver a mamã” disse Keith. Killian levantou-se e começou a caminhar pelo corredor, de uma forma inexplicável o rapaz parecia estar seguro sobre a localização da mãe. Keith ficou espantado porque o seu filho reagira à sua voz. Keith seguiu o médico até à sua esposa, em frente à porta estava Killian que andava em círculos. Keith ficou estupefacto, como é que Killian sabia que a sua mãe estava ali? Quando entraram no quarto Killian entrou à frente do seu pai, dirigiu-se a Faye e encostou a sua cabeça à da mãe e começou a emitir um som que parecia um choro mas não um choro humano. “Pronto filho, a mamã está bem” disse Faye chorando e acariciando a cabeça do filho.
A mãe de Killian estava visivelmente combalida, tinha uma ligadura à volta da cabeça. Eram visíveis algumas manchas de sangue. Falava muito devagar e deixava escapar uma ou outra expressão de dor. Tinha o lábio inferior inchado com algum sangue pisado e o olho do lado esquerdo tinha um derrame bastante evidente. Killian afastou-se e foi para junto da janela do quarto, Keith correu em direcção a Faye e beijou-a na testa, “Não sei o que seria a minha vida sem ti Faye…não me deixes…não nos deixes nunca” disse deixando escapar uma lágrima. “Não chora” ouviu-se no quarto. Faye e Keith olharam um para o outro muito sérios e depois olharam em volta para saber de onde tinha vindo. Era uma voz desconhecida, uma voz de criança mas parecia muito gasta e rouca. Olharam para Killian que continuava a olhar pela janela com a testa encostada ao vidro. “Ki, foste tu que falaste?” perguntou Keith. “Ki fala outra vez para mamã, fala meu amor”-“Calma Faye” disse Keith igualmente exaltado segurando na mão da mulher. Killian virou-se e dirigiu-se para a porta, ficou a olhar fixamente para o puxador que espelhava o interior do quarto numa espécie de globo retorcido. O casal Lowland não sabia como reagir a tudo aquilo, estavam felizes mas queriam mais, o seu filho tinha acabado de comunicar com eles pela primeira vez. Os anos passaram e Killian nunca mais falou, no entanto o seu comportamento era agora mais humano. Killian reagia às vozes do pai e da mãe como se estes o conseguissem controlar, ainda não era uma verdadeira relação de pais e filho mas era um começo. Continuava no entanto com problemas no que tocava a usar certos objectos, interpretar certas situações e sobretudo controlar os seus impulsos.
Os pais achavam que a ligação que Killian tinha com os animais era algo de extraordinário e que de uma certa forma isso o ajudava na sua relação com as pessoas. Por essa razão adquiriram mais um cão, foi a pior decisão que tomaram. O novo membro da família era um Akita Inu albino com três anos, chamaram-lhe Misha. Killian tinha agora dezasseis anos, quando levaram Misha para casa fez exactamente o mesmo que fizera com Freki, a diferença era que Misha tinha uma postura dominante e não levou de forma leviana o facto de Killian lhe tirar a comida. Um dia, o casal Lowland acordou em sobressalto com o ganir e vários ruídos que vinham do jardim. Keith desceu as escadas ainda em pijama e correu em direcção ao jardim. O cenário que encontrou parecia tirado de um filme de terror. Killian encontrava-se junto à árvore, em cima de Misha, o pêlo branco deste estava coberto de sangue assim como a boca de Killian. Keith correu em direcção a esta cena horrível. ”Ki o que se passou?” disse enquanto procurava feridas no corpo do seu filho, “Ki?”gritou Faye quando viu tudo aquilo.”Calma Faye ele não tem nada, o sangue não é dele”, disse Keith espantado. Misha era um animal com mais dez quilos que o seu filho mas no entanto Killian dominara-o.
Os dias que se seguiram foram de grande tensão, não na família Lowland mas sim entre Killian e Misha. O Akita não se sentia confortável com a sua posição na família mas respeitava Killian e parecia ser o seu novo guarda costas. Os Akitas Inus são conhecidos por serem muito leais e Misha era sem dúvida leal para com Killian. À hora de alimentar os cães sentia-se uma grande tensão, Killian observava sempre mesmo que estivesse dentro de casa. Era impossível negar que exercia um grande controlo sobre os seus amigos de quatro patas. Havia uma altura do dia em que Killian e a sua família canina parecia dar-se lindamente, quando iam correr pelo bosque. Killian liderava os dois amigos, Freki era o mais velhote mas mesmo assim corria lado a lado com Killian. Misha seguia-os e os três corriam como se de uma caçada se tratasse. No fim das corridas os olhos dos três amigos brilhavam de satisfação. Apesar de ser humano, Killian corria tanto como os cães e nunca ficava para trás, em parte porque a sua posição não deixava que os outros o ultrapassassem. Rapidamente os três passaram de correr na relva em frente da casa para correr no meio das àrvores que limitavam o espaço relvado. Faye deixou de vigiar o filho sentada no degrau para passar a vigiá-lo sentada numa mesa de pic-nic perto das árvores.
Os bosques à volta da casa dos Lowland eram ricos em fauna e flora. Tinham sido considerados património natural pelo estado e não era permitido caçar. Devido à biodiversidade os bosques eram auto-suficientes, havia todo o tipo de animais predadores que controlavam o desenvolvimento das outras espécies. Era a lei natural, protegida pelo homem. No topo da cadeia alimentar daquela pequena Biosfera encontrava-se o lobo, animal muito tímido, raramente avistado. Eram poucos os homens que tinham visto algum, normalmente quando alguém dizia que tinha visto um lobo era automaticamente acusado de ter bebido demais.
Os bosques à volta da casa dos Lowland eram ricos em fauna e flora. Tinham sido considerados património natural pelo estado e não era permitido caçar. Devido à biodiversidade os bosques eram auto-suficientes, havia todo o tipo de animais predadores que controlavam o desenvolvimento das outras espécies. Era a lei natural, protegida pelo homem. No topo da cadeia alimentar daquela pequena Biosfera encontrava-se o lobo, animal muito tímido, raramente avistado. Eram poucos os homens que tinham visto algum, normalmente quando alguém dizia que tinha visto um lobo era automaticamente acusado de ter bebido demais.
Certo dia, depois de uma corrida, Killian juntou-se com os seus amigos perto da árvore no quintal. Entraram pelo portão lateral, também de madeira escura. Este portão estava sempre trancado por dentro mas Killian tinha um truque. Antes de sair para uma das suas corridas levantava sempre o trinco. Tinham os três as cabeças muitos juntas,de vez em quando Killian parecia dar safanões aos cães, estavam todos debruçados sobre algo ao pé da árvore. Faye encontrava-se na cozinha a lavar a loiça quando vira aquela cena pela janela que dava para o jardim. Estranhou não se ter apercebido da saida de Killian. Curiosa, dirigiu-se aos três amigos e quando viu o que se passava deixou cair um prato, começou a recuar e acabou por tropeçar caindo para trás. No meio dos três estavam restos de um animal e todos eles estavam a comer.”Keith…KEITH?” gritou Faye. Keith correu para o jardim em direcção à sua mulher “Que se passa amor, caíste? Estás bem?” Faye limitou-se a apontar para a atrocidade que acabara de ver “Olha para aquilo…olha o nosso filho!” disse Faye com voz trémula. “Oh meu Deus! Killian larga isso” Disse Keith pegando no braço do filho. Nesse momento Killian e os dois cães viraram-se para Keith como se o quisessem morder. Keith recuou, a sua cara estava pálida, parecia que tinha visto um fantasma. “O que é que vamos fazer agora?” perguntou Keith, “Que mal fiz eu a Deus Keith? Porque é que o nosso filho não é normal?”